EDVÂNIA RÊGO, ARTISTA IMPRESSORA. ARTE COMO COMPROMISSO DE VIDA.

Crédito Imagem: Milton Ramas
Falar sobre a obra de Edvânia Rêgo é falar sobre o processo de criação em sua plenitude: o uso da técnica, uma sensibilidade extremada, a intensa e continuada pesquisa.
Edvânia tem uma trajetória de mais de vinte anos, atua como professora de artes e nos últimos anos implantou e coordena o Ateliê Natureza Impressa na cidade de Santo André.
Artista que nasceu e vive atualmente no grande ABC, também teve lá sua formação como artista, que se iniciou nas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, a FATEA, importante espaço de formação de artistas na região, em especial nas décadas de 1980 e 1990.

Crédito Imagem: Milton Ramas
No seu processo de formação tinha por objetivo atuar como educadora, mas neste percurso é premiada em Salões de Arte e vai se envolvendo aos poucos no circuito cultural também como artista. Este reconhecimento do qual se apropriou, como artista, só acontece recentemente, segundo suas próprias palavras em entrevista concedida ao projeto Voz na Casa do @ateliecasasete. Vale observar que tratamos aqui de um auto reconhecimento como artista, pois desde o início sua produção já apontava uma estrutura consistente e potente, seja pelo domínio da técnica ou pela poética operada no uso da cor.
O contato com a gravura, nas suas formas alternativas de impressão, como a colagravura ou monotipia, são objeto de interesse e adotados como forma de trabalho artístico. A gravura pressupõe a produção seriada, mas Edvânia se dedica à modos de impressão únicos, pela possibilidade da diversidade nos resultados.

Crédito Imagem: Milton Ramas
Em outra vertente, na verdade complementar e fundamental, está o contato com a natureza, não como visão idílica, mas como processo de ampliação de repertório e recurso técnico para criação. Utilizando folhas, ramos, galhos como base para produção, inicia uma pesquisa por métodos para imprimir a partir de matrizes vegetais. Dedica-se ao aprendizado, por experimentação, em situação como de um alquimista, a identificar as cores, texturas e efeitos obtidos conforme o tipo de planta que utiliza e qual o método adotado para transferência de imagens.
Duas técnicas tem especial atenção e são expressivas na sua produção recente, como consequência de suas pesquisas. Uma técnica é a Impressão botânica, que num processo de cozimento transfere o pigmento da planta para o papel ou tecido. O outro processo é a impressão em gelatina, que apresenta uma transparência e leveza únicas.

Crédito Imagem: Milton Ramas
O local de criação é também sala de aula. O ensino é forma de fruição poética, que se ressignifica nos alunos, que por exemplo coletam folhas para que a artista possa utilizar em suas obras.
A artista, a professora e a mulher estão entrelaçadas em sua figura, não há conflitos. Em suas próprias palavras, o artista alimenta o professor e vice versa.

Crédito Imagem: Milton Ramas
A criação do Ateliê Natureza Impressa é um marco desta jornada inspiradora, que abre uma nova página nas possibilidades de processos de criação e também como ruptura da visão do grande ABC como área industrial, mas na verdade como importante pólo de arte e cultura.
Sua trajetória nos evidencia o claro comprometimento do artista que extrapola currículos e circuitos. Ela se afirma plena como escolha de vida e afirmação da vital e real necessidade da arte como elemento transformador da sociedade.
A natureza impressa de vida em cada um de nós.
